Estou ligado a coros há mais de 10 anos! E há mais de 10 anos que verifico o seguinte no nosso país: as pessoas , geralmente, não saiem de casa para assistir a actuações de coros! Mas na altura do Natal (até) vão! Porquê?!?! Simples!

Estou ligado a coros há mais de 10 anos! E há mais de 10 anos que verifico o seguinte no nosso país: as pessoas , geralmente, não saiem de casa para assistir a actuações de coros! Mas na altura do Natal (até) vão! Porquê?!?! Simples!

O repertório apresentado pelos coros é normalmente do conhecimento do público que assiste;

As pessoas estão mais sensibilizadas para os “X-mas carols”, do que para o resto do repertório coral;

Existe uma ideia generalizada que “os coros são uma seca!”, mas como é Natal pode ser que haja um milagre

Quanto ao primeiro ponto, quem é que gosta de ser apanhado de surpresa? Só se for uma boa surpresa! Não o será quando o repertório de um concerto é completamente desconhecido. Nem mesmo uma peça para que o público possa participar activamente ( já não digo cantando com a sua voz, mas com a sua alma). É fundamental fazer boa música coral para o público. Sem público, não há actuação! Um artista sem público, mais vale não marcar concertos, pois cantará para si e só para si.

Que as pessoas estão mais sensibilizadas no Natal é verdade! Mas voltamos ao ponto anterior! Sejamos francos e sem qualquer tipo de preconceitos! Aquele espírito de Natal, as luzes, o Pai-Natal, a árvore, o presépio, e acima de tudo, o Menino Jesus, está já embrulhado de certos clássicos de natal, que os coros não devem, nem podem fugir! São os clássicos que o público quer ouvir! E existem milhares de versões e arranjos para todo o tipo de gostos dos denominados clássicos de Natal! Faz sentido que num Concerto de Natal não tenha um “We wish you a Merry X-mas”, “Noite feliz” ou um “Jingle Bells”? Temos que ter um grande respeito e consideração pelo público saciando a sua fome e sede! Não sou dos que fazem música só para que os outros gostem, mas temos de ter um repertório ( no Natal ou noutra época), equilibrado: conhecidas com desconhecidas (que depois passam para o lado das conhecidas). O público é como um bebé: há que saber dar de comer! Ou nós desde de pequenos já gostávamos de chocos, ou de iscas, ou de um bom peixe grelhado? Tudo se educa, tudo se aprende e especialmente o bom gosto.

Chegámos ao terceiro ponto –tentei simplificar o mais possível, mas muitos outros pontos podiam ser acrescentados – da ideia generalizada de que é uma seca assistir a coros! Devo dizer que em muitos casos, é verdade. Uma falta de respeito completa para com o público! Mas só fazem uma dessas ao público! O problema é quando, esse público que ficou “vacinado” a coros, já nem quer tentar ver outros,; já nem dá o benefício da dúvida! E os coros que têm um enorme respeito pelo público, equilibrando o seu repertório com peças desconhecidas e conhecidas, com momentos calmos e serenos e outros mais vivos, temperado com o condimento da qualidade, sentem que remam contar a maré. É como quando estamos a ter um pesadelo e esforçamo-nos para correr, mas o nosso movimento é muito lento, apesar de todo o esforço para chegar à tal porta!…

As mentalidades mudam se os tempos mudarem também! Não podemos ter o mesmo tipo de coros de há 20 anos atrás! Há que haver uma lufada de ar fresco, sangue novo, pois senão corremos o risco do colesterol e de enfartes cardíacos que matarão quaisquer hipóteses de sucesso de as pessoas saírem das suas casas para assistirem a coros.

O maestro, Myguel Santos e Castro

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